sexta-feira, 15 de maio de 2009

confraria do alivio




Foi o fundador do Santuário do Alívio, Soutelo, em Vila Verde, mas afinal o padre Francisco Xavier Leite Fragoa fica também na história pelas suas informações preciosas para a historiografia local É ele quem fornece, em 1758, os pormenores de maior interesse sobre o vale do Cávado, nas suas respostas aos inquéritos paroquiais de D. José I. Em meados do século XVIII, o padre Francisco Xavier Fragoa já era pároco em Soutelo: por ele ficamos a saber que o Cávado, então também conhecido por Cadavo, recebia o nome de Rio Prado, a partir do “Vão do Bico”, onde se junta ao rio Homem. E Rio Prado lhe chamavam por esses tempos as populações ribeirinhas desde Soutelo até à foz do… Cávado, em Esposende, assim o descrevia à época o padre Fragoa. Até à sua cura milagrosa de um mal que o deixara às portas da morte, em 1790, o sacerdote foi sempre abade em Soutelo, tendo permanecido no cargo ainda mais oito anos. As suas respostas aos inquéritos paroquiais esclarecem alguns aspectos ainda obscuros da história local. referem, por exemplo, que as audiências da Câmara do antigo concelho de Larim, de que Soutelo era cabeça, se faziam “às quartas - feiras” no Lugar de Pontelo e não no de Larim, que dava nome ao concelho. Reza, porém, a história do padre Fragoa que a Santíssima Virgem lhe apareceu no quarto, estava ele demasiado enfermo e já desenganado pelos médicos. O seu velho criado apenas testemunhara uma “luz muito brilhante” que escapava por debaixo da porta, mas o doente garantiu - lhe, momentos depois, que vira Nossa Senhora, sossegando – o por ter sido inquietado com a estranha claridade. Em “momento de suprema angústia”, o sacerdote dirigiu à Virgem “preces mais fervorosas, prometendo, se o curasse, erguer um templo em sua honra” (relato do jornalista Leonídio Abreu em meados do século XX, que transcrevemos em parte na página…).



O padre Fragoa foi atendido na sua súplica: viu – se curado em pouco tempo e apressou – se a cumprir a promessa, erguendo uma capela que deu origem a um grande santuário, o de Nossa Senhora do Alívio. Corria o ano de 1790: nessa maré, o sacerdote já era abade de S. Miguel de Soutelo há pelo menos 35 ou 40 anos (Fragoa teria cerca de 30 anos quando foi paroquiar Soutelo e mais de 60 à data da sua cura milagrosa). Seja como for, a historiografia local nunca pôde precisar desde que data paroquiava ele aquela freguesia: no entanto, podemos garantir que o padre Francisco Xavier Fragoa (e não Fragoas) já exercia as funções de Abade de Soutelo em 1758: é quase certo que, nessa altura, já lá estivesse a residir como pároco há alguns anos. Até à sua cura milagrosa em 1790, o sacerdote vivera em Soutelo sem dar nas vistas, embora fosse admirado entre os paroquianos pela sua conduta de homem bondoso.


(“nunca à sua porta se batia em vão”…). Nas suas respostas aos inquéritos paroquiais em 1758, o padre Fragoa é bastante descritivo sobre a geografia da região: quando alude ao Cávado, que designa ainda por Cadavo (nome que lhe dão outros párocos da época), Fragoa refere que outrora se chamava Rio Celando. “Nasce para a parte do Nascente no Reino de Galiza, perto de Vilar de Per – dizes (…)”, descreve (omite a serra do Larouco, onde nasce o Cávado, provavelmente porque seria à época território do Reino de Galiza).


Adianta ainda que no “Vão do Bico”, onde se juntam o Cávado e o Homem, havia por esse tempo (…) uma passagem de barco, que desembarca na mesma freguesia, na de Palmeira e nesta de Soutelo (…) com muito concurso de gente da cidade de Braga e outras partes para as vilas da Pica, Barca, Arcos e Reino de Galiza”. (ver peça na pagina… com excertos das respostas de Fragoa aos inquéritos paroquiais em 1758). Pedro leitão


Fotos sérgio Leitão