segunda-feira, 16 de março de 2009

Freguesia de Ruilhe-Braga-THEPOLOART - Grande exportador de peças artísticas para o lar sem espaço em Ruilhe

Equipa de Marketing









Grande exportador de peças artísticas para o lar sem espaço em Ruilhe
- emprega 20 artistas plásticos, mas pode “dar mais emprego” com a construção de novas instalações.


Pedro Leitão (texto)

Um dos maiores exportadores portugueses de peças artísticas para o lar admite abandonar Ruilhe, Braga, onde trabalha há nove anos, por falta de terrenos na localidade para construir novas instalações, que permitam obter “o dobro do actual espaço”.
O empresário - designer confessa que poderá ser tentado a “transferir a actividade para Barcelos ou Famalicão”, se continuar o impasse na afectação de espaços para equipamento industrial, na área dessa freguesia. “É meu desejo continuar em Ruilhe, até por ser natural de cá, mas qualquer dia aproveito as condições que me sejam oferecidas em Barcelos ou Famalicão”, garante.
O presidente da Junta de Ruilhe, António Araújo, reconhece que a saída da freguesia é a alternativa que resta ao empresário, se não dispuser do espaço necessário. “Só ainda não saiu, porque uma parte dos funcionários são de cá”, adianta o autarca.
João Pinto, 39 anos, emprega duas dezenas de artistas plásticos, residentes em Ruilhe e localidades vizinhas, mas acredita que poderá “criar mais emprego” na zona com a duplicação da área oficinal.
O empresário exporta “para todos os continentes”, embora o mercado árabe seja um dos principais destinos das encomendas e o mais exigente, por ser necessário evitar “quadros com nus ou com beijos”
“A América é um cliente esporádico”, esclarece, ainda, João Pinto, adiantando que “tem na mira o mercado da China, por estar ainda por explorar”. Em 2005, o volume das suas exportações atingiu os 750 mil euros. “Se não fosse a actual recessão na Europa e no resto do Mundo, até estaria em condições de aumentar o nível de exportações. Agora, o objectivo é tentar manter o nível atingido, o que já será bom”, acrescenta o empresário. A impossibilidade de aceder a um espaço maior em Ruilhe condiciona – lhe, porém, a actividade, estranhando mesmo que o próprio Estado não estabeleça estratégias de desenvolvimento local para permitir resolver estas situações. “Tenho, afinal, um “sócio” que ganha mais do que eu e que não faz nada”, graceja.
O local em vista para a construção de novas instalações permanece em reserva agrícola, embora a Junta de Freguesia de Ruilhe reclame, desde há muito, a sua desafectação para permitir a “expansão comedida” de uma futura zona industrial.
“A empresa de artigos artísticos para o lar já não está nas melhores condições de instalação, tal como acontece com uma outra unidade industrial. O próprio acesso impede, em ambos os casos, a ida lá de veículos pesados de mercadorias”, observa o presidente da Junta, António Araújo. Até por isso, o autarca insiste “na urgência de uma maior celeridade por parte da Câmara de Braga ao processo de desafectação dos solos necessários”.
O empresário – designer João Pinto considera “que devem ser criados atractivos” com a futura oferta de espaços para equipamento industrial em Ruilhe, nomeadamente através de “isenção de taxas”, para evitar que os terrenos “acabem por se tornar caríssimos”.
“Estamos aqui para gerar riqueza e criar emprego e, por isso, é necessário que a Câmara encontre fórmulas de apoio para estas actividades nas freguesias de origem”, argumenta o empresário.
Na empresa de João Pinto concebem – se quadros e outros adornos para o lar. “Criamos elementos decorativos, mas como arte sempre renovada e ao nosso gosto”, explica o empresário.
A maioria dos jovens artistas que lá emprega possui apenas o ensino secundário. “Só dois têm formação universitária”, acrescenta.
Segundo João Pinto, “são jovens que já tem uma escola” e até constituem, com ele, “o escol que acabou por nascer dentro da própria empresa”. A dificuldade “está em arranjar artistas que façam coisas que se vendam”, esclarece.
O empresário define – se como “um designer de arte”, desde que trocou o emprego numa empresa de cerâmica em Várzea, Barcelos, pela empresa artística que criou em Ruilhe, Braga.
A “brincadeira” começou há treze anos, pouco antes de casar. Na altura, decidiu fazer, ele mesmo, os quadros para decorar a casa onde ia viver em Couto Cambezes com a esposa.
“Houve pessoas que admiraram esse trabalho e, aos poucos, começaram a aparecer clientes para quem comecei a fazer este género de peças, nas horas livres. A partir do ano 2000, passei a dedicar – me em exclusivo a esta actividade”, lembra João Pinto.
Na altura, o empresário já tinha em mente o mercado externo, mas nunca imaginou que, em poucos anos, viesse a atingir níveis de exportação muito elevados. O “chave” para o sucesso foi a aposta nas feiras internacionais, “sobretudo em mercados pouco explorados, pois não gosto de entrar em países já batidos no negócio”. A primeira prospecção foi numa feira da República da Irlanda, há sete anos. “Mandei lá duas funcionárias administrativas. Não pude ir, porque o certame coincidiu com o nascimento das minhas filhas gémeas”, recorda.
Na altura, até o aconselharam a não participar nessa feita da Irlanda, mas João Pinto deixou –se “guiar pelo instinto” e acabou por conseguiu o seu “primeiro grande cliente” fora de Portugal. Tomou – lhe o gosto e não mais parou de participar em feiras internacionais.
Hoje são empregados que lá vão representar a empresa, mas o empresário já teve a oportunidade de “visitar 20 países”. Só tem pena de “não os ter conhecido”, durante essas viagens. “As pessoas invejam – me, de certo modo, por viajar muito, até dizem que levo uma boa vida, mas enganam – se, porque, sinceramente, acabo por não conhecer nada. Chega – se, aterra – se, vai – se à feira montar o stand e, depois, nos dias em que lá permanecemos, é andar da feira para o hotel e do hotel para feira. Só vejo ruas e aeroportos”, garante.
Aprendeu a ser perseverante com a actividade exportadora. Se não fosse assim, nunca teria conseguido “a primeira grande avalanche de clientes do mercado árabe, entre sírios, libaneses, turcos e até negociantes da Arábia Saudita”. Esteve duas vezes no Dubai a tentar a sua sorte, mas só foi bem sucedido à segunda vez. “Como em tudo na vida, hoje perde - se, mas amanhã ganha - se”, exemplifica, garantindo que tenta sempre “tirar coisas boas das más experiências” para ficar prevenido numa segunda oportunidade. (Pedro Leitão, Serviço de Noticias Locais/edição jornal “Frontera Noticias







Empresário Designer João Pinto

















Fotos Sérgio Leitão