sábado, 25 de abril de 2009

Vila de Prado Compassos

PRADO COMPASSO principal

fotos Sérgio Leitão
Pedro Leitão (texto)

Preferem jantar em casa com a família a cear “à grande e à francesa” com o padre no restaurante, após o compasso. Guardam o dinheiro que, antes, destinavam ao repasto da confraternização pascal para o entregarem a pessoas carenciadas da freguesia. São sempre “uns 100 contos” que tiram à boca para darem “a outras bocas”, trocando assim o prazer do momento pelo supremo prazer da dádiva. Em Prado Santa Maria, os elementos do compasso ganharam “barbas” por andarem, há décadas, a pegar na Cruz, em Domingo de Páscoa. “Já somos “técnicos” em compassos, até os fazemos com uma perna às costas”, gracejam. A paróquia perdeu a tradição de entregar a Cruz a “mordomo ricaço”, vai para mais de meio século. “Na época, houve até uma “grande guerra” entre a população por terem acabado com o mordomo. Pelo menos era o que contava o meu pai, mas já me esqueci dos pormenores da polémica”,

recorda Manuel Barbosa Araújo, um dos veteranos do compasso em Prado Santa Maria. A partir de então e até hoje, os elementos masculinos das Conferências Vicentinas de Prado assumiram sempre o encargo do compasso e já não o entregam a ninguém, mesmo que apareça alguém em “bicos de pés” a oferecer – se para mordomo e aliviar – lhes assim o fardo. “Nesse caso, tinha de ir bater à porta de outra freguesia, porque aqui o “lugar” está “preenchido” e é vitalício”, ironiza António Francisco Gomes Alves, que já conta 40 anos consecutivos no compasso de Prado, sendo o mais antigo elemento da equipa pascal. Lembra que, outrora, os mordomos da freguesia tinham de oferecer “jantaradas para mais de 100 pessoas”. Só por essa despesa de arromba, o mordomo “tinha de ser um ricaço” e não um qualquer habitante. “Eram tempos de miséria”, recorda António Alves. Acabaram – se, desde então, as “jantaradas à mordomo”, mas, ainda assim, os elementos vicentinos que participassem no compasso tinham direito a repasto, quanto mais não fosse para recobrar forças. “De início, íamos jantar à casa do padre. Depois, passamos a fazer essa ceia de confraternização num restaurante, com uma parte da receita do compasso. Há dez anos, entendemos que era dinheiro mal gasto, até porque a despesa do jantar era superior a uns 100 contos, e preferimos guardar essa verba para ser dada a pessoas carenciadas”, esclarece António Francisco Gomes.


compasso



Os homens do compasso de Prado Santa Maria fazem as vezes do padre na bênção das casas, durante a visita pascal. O pároco deixou, há muito, de acompanhar a Cruz: só no fim do dia se junta ao compasso, após a recolha das cruzes, na Igreja Paroquial. Já estão, por isso, habituados à função. “A mim até já me chamam o “padre” Zeca”, garante José Gonçalves. Ainda assim, o elemento do compasso com o encargo de representar o pároco tem de “treinar” a recitação da “Aleluia”, por não ser “a mesma dos outros anos”.
No próximo domingo de Páscoa, vão andar com seis cruzes de manhã e cinco de tarde para visitarem 1100 casas. “Revezamos – nos de manhã e de tarde para que nenhum de nós tenha de andar o dia todo com a Cruz”, explicam os elementos do compasso. Estão tão “batidos” nos itinerários da visita pascal, que seriam bem capazes de os percorrer “quase de olhos fechados”. A maioria deles já “faz o compasso” há trinta anos e alguns até contam quase quatro décadas de participação, mas “o mais veterano de todos” é António Francisco Gomes Alves, técnico aposentado da Blaupunkt: desde há 40 anos que não conhece outra ocupação nos domingos de Páscoa. Até por isso já o nomearam presidente do compasso de Prado Santa Maria. Aprenderam a defender - se de algumas “rasteiras” das visitas pascais, “quando não se presta atenção” ao conta - gotas da… pinga. Por isso evitam sempre tomar “um golinho aqui, outro golinho ali e mais outro golinho acolá”. É uma precaução que transmitem aos “estreantes”, por ser certo que “um golinho atrás de golinho” pode “embargar – lhes” o passo e verem – se, depois, na contingência de regressarem de “gatas”. José Oliveira Gonçalves, que integra o compasso há 32 anos, aprendeu a lição logo na primeira vez. “Julgava que era só um golinho, mas acabaram por ser muitos golinhos, ao longo de várias casas. Depois, foi um sacrifício para chegar ao fim, por ter ficado “tocadinho” de um momento para o outro”, recorda.
Cada grupo da visita pascal tem a seu cargo um conjunto de lugares, mas os habitantes já perderam o hábito de seguir o compasso, depois de feita ronda da Cruz na sua zona. “Antigamente, era uma coisa bonita de se ver. As pessoas de cada lugar juntavam – se aos homens da Cruz, entoando Aleluias, até se encontrarem com as outras cruzes e com os moradores de outros lugares. De um momento para o outro, eram centenas de pessoas a alegrar com cânticos os compassos, durante o resto da caminhada até à igreja”, recorda Manuel Barbosa.PL




tradição



A população ainda mantém a tradição de comer um ovo cozido no parapeito da velha ponte de Prado e de atirar as cascas para o rio Cávado. É um ritual que se cumpre desde há séculos, em Prado, na noite de Domingo de Páscoa, para curar… as dores de cabeça. Os elementos do compasso tinham o hábito de ir lá, no final da visita pascal, mas deixaram de o fazer. Alegam que a tradição está a ser “ajavardada” com comportamentos deploráveis. “Já fazem aquilo mais por bebedeira do que por fidelidade à tradição. São pessoas que já estão “tocadas”, mas que levam para lá garrafas de champanhe para dar largas à alegria dos “pifos”. Bebem – nas em cima da ponte e, depois, atiram – nas ao rio, com algazarra”, lamentam.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Freguesia de Taíde/confraria Porto d ave



No dia 16 de Junho de 1985, graças ao dinamismo do Ex.mo Padre Luís Peixoto Fernandes e ao entusiasmo de algumas pessoas da Freguesia de Taíde, do Concelho da Póvoa de Lanhoso, fundou-se o Agrupamento do Corpo Nacional de Escutas de S. Miguel de Taíde, a que foi atribuído o nº 817, aquando da sua filiação.
Desde então que tem como Sede própria parte de um edifício do Século XVIII cedido pela Real Confraria de Nossa Senhora de Porto de Ave.
O Agrupamento tem participado em inúmeras actividades escutistas e comunitárias, dentro e fora da freguesia, como por exemplo: acampamentos, caminhadas, procissões, animações eucarísticas, organização de actividades desportivas/sociais/culturais e religiosas, como por exemplo: construção de Símbolo Pascal, entre outros.

Actualmente é composto por 72 elementos:

Lobitos – 16; Exploradores – 19; Pioneiros – 12; Caminheiros – 11; Chefes – 14

Chefe de Agrupamento: José Manuel Matos Pereira (Explorador aquando da fundação)
Secretário: Vítor Manuel Mendes Macedo (Explorador aquando da fundação)
Tesoureiro: Sérgio Carlos Amaral Pereira (Lobito aquando da fundação)
Assistente do Agrupamento: Padre Augusto Freitas Baptista (desde 1995)





Text Porto de Ave SURPRESA (principal)

O histórico lugar de Porto de Ave, em Taíde, Póvoa de Lanhoso, conhecido nas “sete partes do Mundo” pelo seu santuário setecentista, assinala a Páscoa com obra artística de dimensões gigantes. O motivo representado é diferente de ano para ano, mas permanece guardado a “sete chaves” e longe dos olhos da população até Sábado de Aleluia para não retirar impacto à surpresa, quando chegar o momento de o pôr à vista, nesse dia santo. Esta tradição pascal já constitui um atractivo em Porto de Ave, apesar de só contar três anos. Acontece, desde então, por obra (e graça) dos Escuteiros de Taíde, que fazem assim jus ao peso histórico daquele santuário mariano e, também assim, à memória da acção exercida pela sua antiga confraria, em diferentes épocas, em prol do cooperativismo financeiro, quando abria os cordões à bolsa para emprestar dinheiro a juros baixos (ver trabalho da edição de Setembro de 2008 deste jornal sobre as confrarias creditícias). A iniciativa que agora anima Porto de Ave, durante a Páscoa, resultou de um repto da Junta de Freguesia ao Agrupamento Escutista 0817, de Taíde: na altura, a autarquia pediu – lhes que elaborassem um projecto diferente para celebrar a quadra pascal. Os escuteiros entregaram – se de corpo e alma à obra e corresponderam, desde logo, ao desafio. Na Páscoa de 2006, construíram um enorme arco pascal com a imagem de Cristo, muito vistoso, pintado de azul, branco, amarelo e vermelho, O trabalho deu nas vistas e até acabou merecer rasgados elogios da Junta de Freguesia e da população. Animados pelos incentivos, os escuteiros resolveram elaborar novos projectos para as Páscoas seguintes. No ano seguinte, pela Páscoa, encheram – se de brios e ergueram no logradouro do santuário um cálice com… sete metros e quarenta centímetros de altura e dois metros e cinquenta centímetros de largura. A obra voltou a encher o olho à população, banzada com a gigantesca réplica. Em 2008, surpreenderam, mais uma vez, com “empreitada” mais grandiosa do que a do ano anterior: construíram um Cristo Rei gigante, a fazer lembrar o Cristo Rei de Lisboa ou, passe o exagero, o do Brasil. As suas dimensões eram de sete metros de altura e… sete de largura, por ter… os braços esticados, em jeito de longo abraço




Materiais reutilizados

O chefe de Agrupamento Escutista de Taíde, José Pereira, esclareceu que os materiais usados nestas construções são sempre




reutilizados: ou seja, depois da exposição de cada réplica, os materiais acabam por ser aproveitados no projecto seguinte. Madeira, ferro, rede, espuma poliuretano, pneus e muito, mas muito, spray para colorir, são os materiais mais utilizados


Sigilo

José Pereira deixou “muito claro” que o projecto deste ano é um segredo bem guardado. “Nem o padre da freguesia sabe o que ele estão a programar”, acrescenta. A ânsia é tanta que até a população está em “fanicos” para saber a surpresa que lhe reservam, este ano, os escuteiros. Ainda assim, José Pereira promete que a obra em preparação que não deixará ficar mal os projectos dos anos anteriores e que dignificará, mais uma vez, a freguesia de Taíde. Sérgio Ferreira.

Freguesia S. Victor - Braga -a procissão da Burrinha e os bastidores

Fotos dos bastidores Sérgio Leitão

Fotos da burrinha cedidas pela junta de freguesia de S. Victor

Sobre a Procissão da Burrinha

Nos primeiros tempos saía para as ruas de Braga na noite de Sábado Santo como procissão espontânea da população de S. Victor, que a organizava desde a década de 40 do século XX, à margem da Semana Santa bracarense. Atraía sempre muito público pelo colorido dos figurantes, em contraste com o tom lilás das procissões da Semana Santa, mas começou a incomodar certa clerezia escrupulosa em minudências litúrgicas: afastava o povo das igrejas da cidade, à hora da Vigília Pascal













ROUPEIRO burinha


Já parece uma oficina de alta – costura para figurantes de procissões. Pelo rigor artístico que revela na criação de vestes santaneiras será bem capaz de conceber também todo o género de indumentária eclesiástica. Pelos vistos, nada fica a dever aos ateliers do ramo: formou mesmo um escol, após dez anos de experiência na actividade. Pode servir até de futura escola para jovens que estejam interessados em abraçar, como opção de vida, a arte de conceber vestes para as procissões ou para o clero. Esta santa indústria “esconde – se Pedro Leitão texto





S. Victor já quase dispensa o aluguer de vestes para a sua Procissão da Burrinha. O “atelier” improvisado no complexo paroquial está a garantir “quase a 100 por cento” o fornecimento da indumentária indispensável “Dentro de algum tempo, estará em condições de assegurar a totalidade do roupeiro”, adianta o presidente da Junta de Freguesia, Firmino Marques. A oficina de costureiras amadoras ao serviço da paróquia surgiu em 1998 com o reaparecimento da Procissão da Burrinha. Em dez anos, essa equipa de voluntárias fez escola na criação deste tipo de vestes: aprendeu a “saber fazer” com qualidade Pedro Leitão texto